quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Apenas... Caminhando. Normalmente.

Sem comentários sobre minha falta de responsabilidade para com este blog. Minha vida social agitada e sem pudor, recheada de viagens, festas e noites de autógrafos roubam-me todas as horas sobressalentes, sobrando assim apenas algumas horas onde passo, ora fazendo a barba, ora vegetando, sem ligar para todos os meus leitores aflitos que esperam ávidos por mais um post, por mais que demore meio ano. Peço-vos perdão, já comecei meu auto-flagelo de 3 dias e 3 noites grudando e tirando a língua do congelador.
Bom, 2 entre 10 pessoas sabem que trabalho toda tarde. Sim, é um emprego e não, não envolve video games. 20% das pessoas que eu conheço não é muita coisa, portanto devo dizer que vou ao trabalho de ônibus que aliás está custando os zói da cara, tive que quebrar meu porquinho esse mês, e, quase todo dia quando eu embarco, lá está um rapaz com retardo mental. Ok, foi essa minha primeira impressão, e não me julgue, seria a sua também se o visse. Ele mantém os olhos entreabertos e o tempo todo olha para o nada, como que pensando. Pra falar a verdade, eu andei pesquisando, e, apesar do rapaz não ter síndrome de down, suas características são parecidas com as desse cara. ↓
Rapaz.

Aí você pode me falar: "Ah Caio, seu narigudo, isso não tem nada a ver, eu sempre fico olhando pro nada e não tenho retardo!" É, algumas vezes seria normal, mas você ficaria TODA a viagem de ônibus e TODO dia? "Sim rapaz, o que que tem? Eu sou assim!" É... mas... tudo bem.
Esse diálogo imaginário me fez pensar que, afinal, o rapaz pode ser normal e eu que era o retardado. Porém, com o passar dos dias, decidi que se não era doença, pelo menos eu podia definir que ele era definitivamente diferente. Passei a analisá-lo: a pasta na mão queria dizer que ele trabalhava, caminhar resoluto, cabelo cortado curto, olhar sempre para a frente, nunca para o chão, descia no ponto em fren... É ISSO! EUREKA! O OLHAR! E foi assim que decidi o que escrever.
A minha pseudo-convivência com o CACARÉ CAra com CAra de REtardado me fez pensar um pouco acerca de como eu caminho, e adivinha? Eu olho para baixo e não tenho a mínima ideia do porquê. Observei outras pessoas andando e a conclusão foi a mesma, a cada 7 passos mais ou menos, elas olham para baixo, e, incrivelmente, é isso que nos torna normal perante os olhos da sociedade. Por que?

Espremam seus cérebros e façam aquela veeelha analogia obrigatória de todo post, vamos, não é difícil.
Quem sabe até o Cacaré seja mais feliz que todos nós? Se olharmos para o chão a cada 7 passos dados na vida, como vamos nos focar no que está a frente? Resposta: não temos foco.
Imaginemos que o chão seja o presente, e, não só isso, a sujeira, a marca dos pés dos outros e quem sabe até suas próprias marcas: "Espera, já andei por aqui, já fiz isso!" Com os olhos fixos no que está por vir, você se desapega do que já passou SEM esquecer nada. É possível? Claro que sim, o Cacaré não caminha sem hesitação enquanto mantém o olhos altos? Temos uma carta na manga, ou melhor, nos olhos. É a chamada Visão Periférica, aquele velho truque de observarmos algo sem perder de vista outra coisa. Comumente usado pelos apaixonados para ver aonde a amada está indo sem fazê-la perceber, a visão periférica é o que permite que Cacaré caminhe sem tropeçar... experimenta. No começo, resista a tentação de olhar para baixo, é apenas um hábito! Com o passar dos anos é, anos, vai poder andar igual ao Cacaré, olhando para baixo apenas para descer as escadas. Sério, eu só vi aquele cara olhar para baixo para isso, e mal ainda.
Visão periférica.
Por favor, depois de lerem isso, não fiquem andando por aí sem olhar para baixo, porque além de parecerem retardados, não quero ser processado por eventuais tropeções e quedas que resultam em: dedo batido, joelho roxo, canela quebrada, arranhões, unhas arrancadas, xingamentos audíveis, pés fraturados e coisas desse tipo. O meu apelo no texto de hoje ou do trimestre, é que sejam sim como Cacaré, mas por dentro. No simples ato de se focar no futuro e "esquecer" as coisas que se passaram, está incluso o segredo de muitas coisas, inclusive do bem-viver. Todos nós conhecemos alguma pessoa amargurada, tristonha e que sempre reclama de algo... Não conhece? Ninguém gosta de estar perto ou até mesmo de falar com essas pessoas, mas procuramos saber o motivo? Talvez até estejam sentindo dor por alguma situação que passaram. Neste caso mostrem este texto para essa pessoa. Vão. Chamem-na, eu espero.




...




Ah, oi, você é uma dessas pessoas que eu usei como exemplo?
Ou ainda é você, leitor primário?
Tanto faz, o que eu tenho pra dizer é único: Saibam que se priorizarmos o nosso olhar para o futuro, não vamos parecer retardados e sim visionários. Tropeçar? Não tem perigo, a nossa visão periférica dá conta de enxergar os obstáculos. Olhar para baixo de vez em quando? Não só podemos como também devemos, devemos lembrar de quem fomos e do que erramos para não cometer nada parecido de novo. O que não podemos é fixar os olhos no chão, nos nossos erros e esquecer de olhar para frente, caso contrário, batemos o cocuruto em um poste.
Seguramente, Cacaré nunca vai ler isso, mas graças a Deus, pessoas que realmente precisam, lerão, e, sinceramente, espero que tenha ajudado em alguma coisa. Só sei que dá próxima vez que eu ver meu muso inspirador tirarei uma foto com ele e postarei aqui. Palavra de honra. Se bem que minha última palavra de honra foi postar com mais frequência, o que me deixa sem honra e credibilidade, e, apesar de... Ah, quer saber, não falo mais nada, digo apenas que eu sou o único que conhece o verdadeiro Cacaré, durmam com isso.

3 comentários:

  1. Este é um dos segredos do bem viver, desapego ao que já passou, seja de bom seja de ruim. Assim não ficamos remoendo os erros do passado e nem bitolados nas recordações boas que vivemos. Caminhar pra frente e sempre.

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  2. Passo muito tempo sem vir aqui, mas quando venho, suas palavras se encaixam certamente no que preciso ouvir (ler). Meio estranho um "velho" como eu receber conselhos de um "garoto" como você, mas te agradeço mesmo assim.

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